Em muitos projetos do Ateliê Urbano, gostamos de repetir uma frase: a escola não é apenas a sala de aula. E as áreas externas são uma prova viva disso. Elas podem, e devem, ser pensadas como ambientes pedagógicos capazes de acolher experiências ricas de aprendizagem que conectam corpo, mente e natureza.
Imagine uma aula de Ciências em que os alunos observam o ciclo de vida das plantas em uma horta, coletam folhas para classificá-las ou exploram diferentes tipos de solo.
Ou uma aula de Arte em que a sombra das árvores se transforma em tema para um exercício de desenho de observação.
Na área de Linguagens, o parque pode ser cenário para rodas de leitura, escrita criativa inspirada pela natureza, dramatizações e contação de histórias.
Quer projetar ou reformar sua Escola?
Fale com o Ateliê Urbano :)
Já a Educação Física se beneficia de um espaço mais livre, onde jogos e práticas corporais podem dialogar com o relevo natural, promovendo a movimentação espontânea e o desenvolvimento motor.
Essa integração entre as áreas externas e o currículo amplia o repertório das crianças e adolescentes, favorece a aprendizagem ativa e permite que os conteúdos ganhem mais sentido e profundidade. Quando a escola abraça essa perspectiva, o ambiente escolar se torna mais significativo.
Estimular o uso pedagógico das áreas externas.
Mas como incentivar as equipes escolares a ocuparem os espaços externos com intencionalidade pedagógica?
Um primeiro passo é a formação da equipe. Educadores precisam se sentir seguros e inspirados para trabalhar fora da sala de aula. Isso passa por conhecer boas práticas, explorar o potencial dos ambientes e compreender os benefícios pedagógicos dessa abordagem. Reuniões pedagógicas, oficinas práticas e parcerias com especialistas podem ajudar nesse processo.
Outro aspecto importante é a previsibilidade. Os projetos nas áreas externas podem ser incluídos no planejamento semanal ou mensal das aulas. Quando o uso do espaço externo se torna parte da rotina, ele deixa de ser exceção e passa a ser regra.
Além disso, vale a pena que a equipe gestora e os coordenadores pedagógicos estimulem o registro dessas práticas e a troca de experiências entre professores. Um mural de boas ideias, um caderno coletivo de projetos ou mesmo uma pasta compartilhada com registros fotográficos e relatos podem funcionar como fontes de inspiração.
Mobiliário e estrutura: o que favorece esse uso múltiplo?
O projeto arquitetônico é um aliado fundamental para o uso pedagógico das áreas externas. Quando o espaço é desenhado com essa intencionalidade, ele convida o educador a explorar suas possibilidades.
Alguns elementos podem fazer toda a diferença:
- Quadros-negros ou painéis de escrita ao ar livre, que permitem registrar ideias, fazer esquemas ou desenhar.
- Mesas coletivas com bancos fixos ou móveis, ideais para trabalhos em grupo, refeições ou experimentações.
- Palcos, arquibancadas e áreas planas amplas, que estimulam apresentações, jogos e rodas de conversa.
- Espaços cobertos ou sombreados, que garantem conforto térmico e tornam o uso do parque possível em diferentes horários do dia e estações do ano.
- Áreas com vegetação diversificada, que oferecem sombra, ampliam o contato com a natureza e podem ser exploradas em atividades de Ciências, Arte e até Matemática.
Em muitos dos nossos projetos, buscamos equilibrar a presença de estruturas fixas com áreas mais livres e abertas criatividade. Acreditamos que um bom projeto de área externa para uma escola precisa permitir o improviso, o inusitado, o inesperado, a criação.
E as hortas? Elas também ensinam, e muito.
As hortas escolares merecem destaque especial dentro dessa conversa. Além de serem espaços vivos e dinâmicos, elas conectam os alunos com os ciclos da natureza, promovem o cuidado com o meio ambiente e podem ser inseridas em diferentes áreas do conhecimento.
Na horta, a matemática aparece nas medidas e quantidades; a ciência, no crescimento das plantas e no solo; a linguagem, nos registros e relatos das observações; e a ética, na responsabilidade compartilhada com a manutenção do espaço. Sem falar no fortalecimento do vínculo com a alimentação saudável, com o próprio corpo e com o coletivo.
Projetos que incluem hortas — sejam elas em canteiros no solo, caixas elevadas ou até em vasos e jardineiras suspensas — têm demonstrado ótimos resultados em termos de envolvimento dos alunos e transformação da cultura escolar.
Experiências do Ateliê.
Ao longo da nossa trajetória, temos trabalhado com escolas que acreditam na força do espaço como educador. Em um de nossos projetos, por exemplo, desenhamos um parque que inclui arquibancadas de concreto sob uma grande árvore, uma horta elevada acessível a todas as idades e um palco de madeira com cobertura leve, pensado para apresentações, rodas e até aulas de dança. Cada elemento foi pensado com o olhar pedagógico em mente, em diálogo com a equipe escolar.
Em outro projeto, criamos um espaço externo multifuncional que combina gramado amplo, mobiliário para atividades em grupo e uma pequena “praça do conhecimento”, onde o piso convida a desenhar com giz e os bancos circulares formam uma arena para debates, leituras ou jogos matemáticos.
Áreas externas que ensinam e transformam
Transformar os parques escolares em extensões vivas do currículo é mais do que um desejo bonito: é uma estratégia pedagógica eficaz, que reconhece o valor da experiência, do corpo em movimento, da relação com o ambiente.
Para que isso aconteça, é fundamental que a arquitetura esteja a serviço da educação, e que os educadores se sintam apoiados e instigados a ocupar esses espaços de forma criativa. O Ateliê Urbano acredita profundamente nisso — e seguimos desenhando escolas em que o aprender ultrapassa paredes, portas e janelas.